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sábado, 26 de março de 2011

Jovem assassino francês convertido, vai ser beatificado


Na história da Igreja Católica, só houve um outro caso precedente de alguém condenado à pena capital que se tenha convertido e, posteriormente, chegado à honra dos altares: o bom ladrão, crucificado com Jesus Cristo, há mais de dois mil anos.
Em pleno século XXI, esta história vai repetir-se. Trata-se do processo de beatificação do jovem francês Jacques Fesch, que foi guilhotinado em 1957 por matar um polícia e ferir outra pessoa durante um roubo. A sua conversão radical aconteceu na prisão, nos meses que antecederam a sua morte, aos 27 anos.
O precedente único explica a cautela com que o caso do jovem foi apresentado à investigação diocesana, em 1987. O então Arcebispo de Paris, Cardeal Jean Marie Lustiger, orientou uma elaborada reflexão sobre a vida de Fesch e obteve a autorização da Congregação para as Causas dos Santos para abrir formalmente a causa de beatificação em 1993. O processo acaba de concluir a fase diocesana e segue agora para Roma.
"Declarar santo alguém, não significa para a Igreja admirar os méritos dessa pessoa, mas propor um exemplo da conversão de alguém que, independentemente da sua caminhada humana, foi capaz de ouvir a voz de Deus e de se arrepender. Não há pecado tão grave que impeça o homem de chegar a Deus, que lhe propõe a salvação", disse o Cardeal Jean quando abriu a investigação.

A história

O jovem nasceu em 6 de Abril de 1930, em Saint-Germain-en-Laye. Era filho de um rico banqueiro de origem belga, artista e ateu, distante do filho e infiel à esposa, da qual pediu divórcio.
Jacques foi educado na religião católica, mas abandonou a fé aos 17 anos. Aos 21, casou-se no civil com a noiva já grávida. O seu sogro conseguiu-lhe trabalho no banco, período em que teve a vida de um playboy. No entanto, abandonou a esposa e a filha e teve um filho com outra mulher.
O crime cometido por Jacques aconteceu em 24 de Fevereiro de 1954, quando tentou roubar o cambista Alexandre Sylberstein, com o objetivo de financiar a compra de um barco que o levaria pelo Oceano Pacífico. Sylberstein ficou ferido, mas conseguiu apertar o alarme contra roubos. O jovem Fesch chegou a fugir, mas perdeu os óculos ao longo do percurso.
Durante a fuga, Fesch disparou contra um oficial de polícia que o perseguia, Jean Vergne, causando-lhe a morte. Minutos mais tarde foi detido. Assassinar um oficial de polícia era um crime atroz e a opinião pública, inflamada pelos relatos da imprensa, manifestou-se decididamente favorável à sua execução. A Corte de Paris condenou-o à morte em 6 de Abril de 1957.

A conversão

Logo após a sua prisão, Jacques era indiferente à sua situação e ridicularizava a fé católica do seu advogado. No entanto, após um ano, o jovem assassino experimentou uma profunda conversão e arrependeu-se profundamente do seu crime. Aceitou a pena e reconciliou-se com a esposa uma noite antes da execução.
A última coisa que escreveu no seu diário foi: "Em cinco horas, verei a Jesus". Foi guilhotinado em 1º de Outubro de 1957.
Após a morte, a sua esposa e filha honraram a sua memória como exemplo de redenção. No princípio, tal reconhecimento foi depreciado pelo público, mas o trabalho de uma freira carmelita, irmã Véronique, e do padre Augustin-Michel Lemonnier fez com que a família publicasse o diário espiritual que Jacques havia escrito na prisão, páginas que serviram e servem de inspiração para muitas pessoas.

Causa controvertida

O caso de Jacques foi alvo de controvérsia entre os que pensavam que os seus crimes o tornavam indigno como modelo a ser seguido e entre os que ressaltavam a esperança da sua conversão final.
"Beatificar a Jacques Fesch não significa reabilitá-lo moralmente, nem dar-lhe um certificado de boa conduta ou um prémio. A sua conversão foi de ordem espiritual. Beatificar a Jacques Fesch será reconhecer que a comunidade cristã pode rezar a alguém que está ao lado de Jesus", escreveu o teólogo André Manaranche em resposta ao debate.
Em 2 de Dezembro de 2009, o Vigário-geral de Sua Santidade para a Cidade do Vaticano, Cardeal Angelo Comastri, acompanhou a irmã de Fesch, Monique, durante uma visita a Bento XVI, no Vaticano. Monique confidenciou ao Papa: "O meu irmão e eu entendíamo-nos muito bem. Quando ele fez oito anos de idade, fui a sua madrinha de batismo, e, quando esteve no cárcere, acompanhei de perto a sua extraordinária conversão".
Com o biógrafo Ruggiero Francavilla, Monique mostrou ao Papa algumas das cartas escritas por Jacques enquanto estava na prisão.
Na oportunidade, o Cardeal Comastri disse ao jornal L´Osservatore Romano que, quando exercia o cargo de capelão do presídio Regina Coeli, um preso apresentou-lhe a fascinante história de Fesch.
"É um testemunho único: jovem descentrado, de rica família, torna-se assassino e é condenado à morte. Tinha 27 anos. No cárcere, vive uma conversão radical, fulgurante, alcançando altos cumes de espiritualidade", disse.
fonte:JAM

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